Francisco divulgou nesta segunda-feira (10) uma mensagem em vídeo para comentar a recente obra de autoria do seu pai espiritual, Miguel Ángel Fiorito, falecido em 2005. O guia prático para os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola – com 200 fichas de leitura – “é uma verdadeira mina para entrar na alma dos exercícios espirituais de Santo Inácio”, através de uma “estrutura aberta e interativa” que fizeram bem ao próprio Papa e que podem ajudar outras pessoas.
Andressa Collet – Vatican News

Para este início de semana, o Papa Francisco divulgou uma mensagem em vídeo sobre a prática dos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola por ocasião da publicação do livro de Pe. Ángel Fiorito, jesuíta argentino que faleceu em 2005 e formou muitos discípulos, entre os quais, o próprio Pontífice. Para a obra em italiano do seu pai espiritual, intitulada “Cercare e trovare la volontà di Dio. Guida pratica agli esercizi spirituali di sant’Ignazio di Loyola” (na tradução livre, “Buscar e encontrar a vontade de Deus. Guia prático para os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola”), Francisco escreveu o prefácio e, nesta segunda-feira (10), comentou o livro através de uma mensagem em vídeo.

A mensagem em vídeo de Francisco

O Papa procurou divulgar a obra, organizada pelos jesuítas da revista italiana “La Civiltà Cattolica”, enaltecendo a dimensão prática na qual foi escrita, com “pequenas notas para o exercício”, para que possa ajudar na “reforma da vida de todos aqueles que querem fazer os exercícios”, disse Francisco. De fato, essa é a finalidade do livro, composto por cerca de 200 fichas de leitura “espirituais e iluminadas”, “simples, mas necessárias”, como descreveu o Pontífice no prefácio, destinadas a auxiliar o praticante.

Na mensagem em vídeo, o Papa começou realmente enfatizando isso: “ajudar” é a palavra-chave do pequeno prólogo com o qual o “mestre” Fiorito, como era chamado pelos seus discípulos, apresenta o livro. O autor insiste em dizer, porém, que é um auxílio “até certo ponto”, confirmando uma “consciência e aceitação da própria limitação” para inclusive respeitar e confiar “na liberdade do outro”, ajudando quem pratica “a vida espiritual a dar um passo adiante com coragem e audácia”, comentou Francisco, ao destacar que “a ajuda espiritual é uma ajuda para a liberdade”.

As fichas de leitura práticas e interativas

A obra de Fiorito assim, segundo o Pontífice, “é uma verdadeira mina para entrar na alma dos exercícios espirituais de Santo Inácio” através de uma “estrutura aberta e interativa” que fizeram bem ao próprio Papa e que podem ajudar outras pessoas. Através das fichas espirituais de leitura – “um gênero literário todo seu, original” – o autor compartilha tudo aquilo que fez bem àqueles que foram ajudados. O Papa, então, disse que Fiorito costumava distribuir essas folhas em um formato bem específico:

“O assunto tratado nessas folhas tinha que entrar em uma folha horizontal, às vezes quase sem margem, para que o conteúdo pudesse ser lido todo em uma fila. Eram escritos curtos, interessantes e sempre práticos. Neles, ele fazia seus os textos de outros autores, usando-os livremente, comentando-os, anotando-os. Esta conversão de um material rico e composto de fichas de leitura manejáveis é fruto de um longo trabalho de contemplação e discernimento.”

São frutos que, nas mãos de Fiorito, se transformaram naquilo que o praticante “pode e deve assimilar em cada etapa dos próprios exercícios”, “não se limitando a estudá-los”, alertou o Pontífice. O objetivo é dar a si mesmo o tempo para sentir “a emoção do espírito e buscar em termos concretos a vontade de Deus através da reforma da própria vida”.

A esse respeito, o Papa aprofundou o conceito de reforma afirmando que, nos exercícios, a reforma “não se encontra em tensão apenas com o que antes era deformado, não. A reforma é também o conformar-se – conformar-se – com o que é novo”, com “o que tem a vida, tem o estilo, tem os critérios e as escolhas do Senhor”, ou seja, visa “a missão, a vocação de cada um de nós na vida”.

“Segundo o modelo do Evangelho, o foco e a forma interior dos exercícios, como diz Fiorito, consistem na ação interior de conhecer, através do discernimento, a vontade divina sobre as questões relevantes da nossa vida espiritual.”